Gostaria de começar por saudar todos os
presentes nesta cerimónia, quer nesta Casa que nos acolhe, quer nos diversos pontos
do país, através das redes sociais e internet.
É para nós uma emoção grande poder ter o vosso
testemunho neste momento tão importante para as nossas vidas e para o nosso
CNE.
Obrigado.
Muitas vezes nos perguntaram,
Porquê? O que vos leva a este caminho de
serviço?
Uma das Frases que mais me marca e que foi
decisiva na escolha desta equipa, é esta passagem da carta de S. Paulo aos
Romanos:
“Pois assim como em um
corpo temos muitos membros, e todos os membros não têm a mesma função, assim
também nós, embora muitos, somos um só corpo em Cristo, e cada membro está
ligado a todos os outros. Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos
foi dada.” Rom 12, 4-6
Na verdade, não fui apenas eu que os
escolhi, fomo-nos escolhendo uns aos outros, quando nos fomos aceitando como
companheiros de caminho;
Quando não nos conhecemos ainda bem, há
sempre um vínculo mútuo de confiança que estabelecemos ao convidar e ao aceitar
o convite.
Todos temos uma história, um conjunto de
experiências e de vivências, que nos vão construindo, vão moldando o que somos
e o que pensamos.
As nossas motivações podem dizer-se em 3 palavras:
Em primeiro lugar:
Porque queremos ser fiéis à história do
nosso CNE, aos que nos precederam, ao trabalho de renovação e de crescimento da
ação pedagógica, que está sempre no centro da alegria do trabalho que fazemos.
Foi por isso que escolhemos, para nomear o projeto, “Geração Futuro”, colocando-lhe
2 tónicas:
·
Na Ação (que se constrói do diálogo franco e fraterno, na ambição de um
impacto indelével nas nossas crianças, adolescentes e jovens, e dos nossos
adultos voluntários)
·
e no Tu (este TU que é o nosso próximo, procurando ver nele, em cada um deles,
um pouco do Homem Novo).
Porque preferimos Agir, mais do que
prever, e no encontro dessa ação com o Tu, encontrar o Eu (este eu que se
constrói com o seu próximo e com Deus, num caminho de serviço à comunidade). O
pórtico vai lembrar-nos, diariamente, da necessidade de estarmos sempre
disponíveis para acolher o Tu, e para sair ao seu encontro. “Entra e deixa a
porta aberta”, foi o mote com que nos reunimos aqui hoje.
Importa, por isso, mais do que
perguntarmo-nos “qual o futuro para as nossas crianças e os nossos jovens?”, ser
ação com a procura da resposta à pergunta “Que crianças e jovens queremos para
o futuro?”
Pode parecer um pouco pretensioso, mas a
intenção é outra, a de - afirmando a nossa intenção pedagógica como centro da
tal ação - nos colocarmos ao serviço daqueles que verdadeiramente ajudam, todos
os dias, a concretizar a resposta àquela pergunta: nós, os dirigentes, adultos
voluntários que diariamente trabalham, lado a lado, com as crianças e com os
jovens, na incansável e sempre inacabada construção de um mundo melhor.
A segunda motivação prende-se com o
caminho que queremos trilhar. Foi por isso que estabelecemos, desde o início,
um conjunto de 6 eixos, transversais na ação:
O Programa Educativo, a Capacitação dos
nossos Adultos, a Comunicação, a Simplificação dos Processos, a Representação
Externa e o Envolvimento.
Estes eixos vão para além das
individualidades que constituem a equipa e das suas secretarias, exatamente
porque é nesse trabalho e desse trabalho em equipa que resultará o sucesso da
nossa ação. Serão transversais a todos.
A terceira motivação: e a razão pela qual
escolhemos, desde cedo, o Lais de Guia, para nos lembrarmos que o projeto terá
que ser feito no plural, no nós. Daí o Nós que unem. Queremos que o caminho
seja feito com as regiões. As 20. E com os nossos agrupamentos todos, incluindo
Macau, Genebra e Zurique. E que seja o caminho que as 20 regiões definam, em
conjunto, na concordância sobre a relevância dos temas, das estratégias e
metas. Somos, por isso, todos necessários.
Sabemos que este desafio, da unidade, não
será fácil, nunca é.
E também não o podemos confundir com
unanimidade. Queremos e precisamos acolher as vozes da diversidade, para
construir um consenso. E é por isso que dissemos, várias vezes, que queremos
que os nossos chefes regionais se sintam unidos e comprometidos com este
desígnio. É por essa razão, que hoje oferecemos a mesma anilha que usamos e
que, simbolicamente, nos compromete com essa confiança de, na frontalidade e na
lealdade que nos deve caraterizar, podermos discutir abertamente o que nos
preocupa, o que nos divide, e o que nos une. Também incluímos nesta equipa
alargada, os presidentes dos restantes órgãos nacionais.
Gostávamos que o mesmo pudesse seguir-se
para os diversos níveis da estrutura, procurando dar um sentido ao caminho, que
o simplifique, que o aproxime dos agrupamentos, das unidades e dos escuteiros.
Nós que unem todo o CNE.
Uma palavra também aos representantes das
organizações civis com que nos
relacionamos:
Do Governo aos eleitos das autarquias
locais, dos organismos, organizações e instituições com quem trabalhamos à
sociedade em geral, queremos agradecer a confiança que, ao longo de todos estes
anos vêm depositando em nós e no trabalho que realizamos, queremos reforçar as
pontes, os nós que nos unem, no desenvolvimento de profundas parcerias, em prol
da educação continuada dos nossos jovens e das nossas crianças.
Os nossos 1031 agrupamentos, as nossas
estruturas de núcleo e regionais, bem como a Junta Central, todos nós, estamos
– estou certo – preparados e comprometidos em, de mãos dadas, acolher,
dinamizar, e porque não liderar, iniciativas e projetos ao serviço do
desenvolvimento das nossas comunidades, nas suas mais diversas abordagens, no
respeito pelos princípios que nos orientam. Importa, pois, dar sentido e
eficiência a esta proximidade, aliando-nos no serviço e potenciando o impacto
que sabemos ser capazes, juntos. Como dizia SS o Papa Francisco na sua Carta Encíclica:
LAUDATO SI’:
“231O amor, cheio de pequenos gestos de cuidado
mútuo, é também civil e político, manifestando-se em todas as ações que
procuram construir um mundo melhor. O amor à sociedade e o compromisso pelo bem
comum são uma forma eminente de caridade, que toca não só as relações entre os
indivíduos, mas também «as macrorrelações como relacionamentos sociais,
económicos, políticos»”
À Conferência Episcopal Portuguesa, aos Senhores
Bispos, Párocos, Assistentes dos nossos agrupamentos, queremos vincar o sentido
de manter a porta do nosso coração aberta ao amor de Cristo, bem como trabalhar
na Igreja que somos, para cada vez mais ajudar as crianças e os jovens a
encontrar o seu caminho para frente, em direção a Jesus, o Homem Novo.
Aos nossos escuteiros: lobitos,
exploradores/moços, pioneiros/marinheiros e caminheiros/companheiros, quero dizer-vos
que é por vós, será sempre em vosso benefício, que nortearemos o nosso
trabalho, a nossa entrega, a nossa energia, a nossa paixão por este movimento
genial que Baden Powell, o nosso Fundador, criou, que o Pe. Jacques Sévin
construiu Escutismo Católico, e que D. Manuel Vieira de Matos e o Monsenhor
Avelino Gonçalves, fizeram nascer, nesta mesma região, em 1923.
Sois por isso, somos todos nós, fiéis
depositários desta história e co-construtores do seu futuro, que se faz
caminhando todos os dias. Estou certo que estamos à altura, cada um e cada uma
de nós, deste enorme desafio.
Não poderíamos terminar sem expressar 3
agradecimentos: em primeiro lugar, aos que nos antecederam, pelo serviço
generoso que prestaram, que agradecemos e a partir do qual nos propomos fazer
caminho. Obrigado!
Em segundo lugar, à equipa Todos: pelos trilhos
que partilhámos e pelas ideias que discutimos, importantes no Enriquecimento do
projeto que será de todos nós.
Obrigado!
Aos nossos agrupamentos e às nossas
famílias, que abdicam de um pouco (talvez bem mais do que um pouco) de nós,
para que possamos também dedicar o nosso melhor para o oferecer ao serviço de
Deus, da Igreja, do Escutismo e das nossas Comunidades.
Que Maria nos ajude, e que, com Inácio de
Loyola, Isabel de Portugal, S. Nuno de Santa Maria e S. Jorge, possam caminhar
lado a lado connosco, com o todo o CNE, em direção aos outros, e neles, a
Cristo.
Muito obrigado.
Tomada de Posse da Junta Central do CNE
Sé Primacial de Braga, Catedral de Santa Maria
7 de janeiro de 2017
Ivo Faria, Chefe Nacional